Comidas típicas da China e onde comer em Xangai, Pequim e Guilin
Não, você não vai ver espetinho de escorpião, carne de cachorro e bife de morcego em cada esquina e não vai ser obrigado a comer nada de estranho, se não quiser. Pelo contrário, a culinária chinesa é simples, com massas e caldos gostosos, além de cervejarias artesanais moderninhas e pães recheados surpreendentes – sério, não perca as padarias da China! Neste texto, a gente conta quais são as comidas típicas da China, quanto custa comer nas principais cidades e dá dicas dos melhores restaurantes, bares e cervejarias em Xangai, Pequim e Guilin.
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- Dicas de sobrevivência em restaurantes chineses
- Comidas típicas da China
- Quanto custa comer na China
- Onde comer e beber em Pequim
- Onde comer e beber em Xangai
- Onde comer e beber em Guilin e Yangshuo
Dicas de sobrevivência em restaurantes chineses
Comece lembrando que você não contará com a ajuda do Google. Como está explicado aqui, a censura chinesa limita a internet dos usuários, fazendo com que coisas do nosso dia a dia – como Google, Instagram, Twitter e Facebook – sejam inacessíveis no país (liberados apenas nas regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau).
Sendo assim, se você não fala a língua, é importante que faça, antes da viagem, o download de mapas e tradutores offline, para conseguir se virar minimamente. Poucos atendentes de restaurantes e barraquinhas saberão se comunicar em inglês e o Google Tradutor Offline ajuda muito nessas horas.
Prefira ter dinheiro à mão sempre, tanto para o restaurante (alguns não aceitam cartão) quanto para voltar para o hotel, caso precise de um táxi. Os restaurantes não cobram taxa de serviço e nem a gorjeta, tão comum para a gente. Além de não ser necessária, costuma não ser aceita pelos garçons – e insistir muito pode ser um pouco ofensivo.
E por último: os restaurantes fecham cedo, mesmo nas grandes cidades. Sair para almoçar às 15h ou para jantar às 22h pode significar voltar com fome para o hotel.
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Comidas típicas da China
No geral, o que você vai ver com mais frequência são caldos, macarrão e muito bao ou baozi, trouxinhas de pão chinês assado no vapor e recheado com carnes ou vegetais. Alguns sabores costumam ser apimentados.
A base da proteína na China são as carnes de porco e frango – esses são os ingredientes mais comuns nos kung pao, lámen, dim sum, rice noodles… Mesmo assim, sempre há opções vegetarianas e o tofu também é amplamente usado.
Para beber, além do chá, geralmente servido sem custo, também é comum servir água pura quente antes das refeições (verifique a temperatura da água antes de sair dando um golão!).
Veja abaixo alguns dos pratos típicos mais comuns da China:
Lámen
Macarrão ensopado com carnes, algas e vegetais.
Hot Pot
Comida invernal dos chineses, o hot pot é um caldo que vai sendo preparado à mesa. Para comer um hot pot na China, é preciso entender o funcionamento da coisa: você escolhe o caldo de fundo (pode ser de carne, de vegetais, apimentado…) e, em seguida, os ingredientes que você vai mergulhar ali por alguns minutos até que cozinhem. Separadamente, seja no cardápio ou em um buffet, você escolhe os temperos com os quais vai fazer um molho ou uma pastinha para acompanhar sua refeição.
Dim Sum
Pequenas porções de “trouxinhas” assadas no vapor e servidas em cestinhas de palha, são o lanche mais popular da China. Os baos ou dumplings recheados de carne ou vegetais são um tipo de Dim Sum.
Dim Sum são as trouxinhas feitas no vapor em cestas como essa
Comida de rua
As barraquinhas de rua da China são focadas em sanduichinhos de carne ou vegetais, dim sum e espetinhos – que podem ser de qualquer coisa: bolinhos de arroz, coração de pato, e, em alguns lugares como Pequim e Guilim, de escorpião
Pato de Pequim
Ou “Pato à Pequim” ou “Pato Laqueado”, é o prato típico mais famoso (e caro) da cidade chinesa. Data dos tempos da China Imperial, cujo primeiro registro vem da Dinastia Yuan, no século 14. Depois de retiradas as vísceras, o pato é inflado pela garganta, besuntado com mel ou maltose e pendurado para assar em um forno onde queimam madeiras aromáticas. Assim, a carne fica tenra e macia e o exterior forma uma casquinha adocicada.
Pato de Pequim na vitrine pouco usual do Siji Minfu
Beer Fish
Ensopado de peixe típico de Yangshuo. Na receita original, o peixe deve ser oriundo do rio Li e a água do cozimento deve ser do próprio rio. Depois de cozido, o peixe é frito e ensopado em molho com cerveja e vários temperos.
Mifen ou Guilin Rice Noodles
Muito popular em Guilin, o Mifen é um prato barato e simples, feito com macarrão de arroz, pedaços de carne de porco, amendoim e um molho espesso, cozido por horas e cheio de especiarias. É bem aromático, picante e pode levar outros ingredientes, como cebolinha, broto de feijão, gengibre…
Iogurte
Parece algo comum, mas o iogurte típico da China é servido quente na rua, vendido no inverno em bonitos potes de vidro e tomado de canudinho como se fosse milk shake.
Iogurtes, vendidos quentes e para levar em várias lojas da China
Kung Pao
Prato popular em Sichuan, é consumido na China toda. O kung pao pode ser de frango ou porco e consiste em um prato frito e apimentado com legumes, amendoim e especiarias.
Quanto custa comer na China?
Xangai e Pequim são cidades mais caras. Uma refeição no interior, em bons restaurantes (ainda que pequenos e locais), sai por a partir de US$3 por pessoa, enquanto nas capitais custa a partir de US$8, em média. Pratos típicos, como o Pato de Pequim, costumam ser mais caros, a partir de US$12 por pessoa – dá para pedir a porção individual para provar e complementar a refeição com outras iguarias mais baratas da culinária local.
A opção mais prática é a comida de rua e os dim sum, normalmente com porções baratinhas. As casas de chá costumam dar degustações e explicações gratuitas para quem compra algum produto.
Para um café da manhã farto, de buffet, não há muita saída além de recorrer aos hotéis grandes, que oferecem essa opção a partir de US$10; já para alternativas ocidentais há redes americanas como Starbucks e The Cheesecake Factory. No geral, essas redes não são nossa primeira nem segunda opção, mas é uma mão na roda quando se tem pressa e não se fala a língua local. De qualquer forma, a gente preferia as padocas de bairro chinesas, que vendem bons cafés + pães recheados grandes e surpreendentes por menos de US$4, mesmo nas cidades mais caras.
Para beber, cervejas de marcas comerciais são encontradas a partir de US$2 em qualquer lugar e as cervejarias das capitais praticam um preço médio de US$4 a US$6 pelo chope artesanal local de 350ml.
Onde comer em Pequim (e beber também)
Para começar o dia em Pequim, além das opções de rede que já falamos, há o café da manhã mais tradicional e barato, que é pegar um bao nas pequenas cozinhas enfiadas em qualquer Hutong (corredores estreitos de casinhas tradicionais chinesas). Para isso, o Qingfeng Steamed Dumpling Shop é dos mais conhecidos, com várias lojas na cidade – a mais cheia é a da Wangfujing street, a famosa rua de lojinhas, restaurantes e comida de rua.
Para provar os pães e cafés das padarias roots sem mesa nem lugar para sentar, nossa favorita de Pequim foi a Auspicious Phoenix. É um lugar super pequeno, com gostosos pães recheados e bolachinhas crocante levíssimas – nos arrependemos de não trazer vários pacotes para casa. É uma boa opção para comprar um café quentinho e sair para fazer os passeios do dia, sem perder tempo.
Pães recheadões da Auspicious Phoenix e da Hogan Bakery, e docinhos coloridos na Nanjing Road, em Xangai
Para uma pausa, o Moka Bros é um café moderninho de onde saem bowls e panquecas com cara de Vila Madalena no mesmo ritmo que pratos bem tradicionais do desjejum chinês, como arroz frito e macarrão de arroz. O preço é bom e alguns funcionários falam inglês. O Soloist Coffee Co. segue a mesma linha, mas com boa oferta também de drinks e chás.
Para comida de rua, o melhor é a Wangfujing Road e arredores. Lá pululam barracas com espetinhos de escorpião (muitas vezes espetados vivos, vale avisar), mas também tem sanduichinhos de carne de porco, bolinhos de arroz, dim sum…
Comida de rua na Wangfujing Road, em Pequim – tem escorpião, mas também sanduichinho de porco
Para os pratos típicos mais elaborados, há dois clássicos na cidade: o Hot Pot, que é o prato do inverno chinês, e o Pato de Pequim.
O Hot Pot mais famoso é o da rede Hai Di Lao, com casas por toda a China – é aquele típico restaurante família, de grandes shoppings e avenidas, o Outback dos Hot Pot. No geral, não indicamos restaurantes de rede, mas a comida é boa e ter um atendimento atencioso e um cardápio em inglês pode ajudar um pouco na descoberta do que se está comendo na China.
Há outros bons restaurantes menores de hot pot, como o Pengran Siji Coconut Chicken, que ferve os ingredientes em água de coco, e o pequeníssimo Jiu San Zhuo, de apenas três mesas, que serve seus hot pots em panelões de cobre.
Para o Pato de Pequim, o restaurante Da Dong talvez seja o favorito dos estrangeiros e dos moradores locais. É o mais concorrido e o mais gourmetizado: entre bebida e comida, dificilmente seu jantar vai sair por menos de US$50 por pessoa.
O melhor pato de pequim que comemos foi o do Siji Minfu, com comida deliciosa e preço mais acessível. Lembre-se de chegar cedo, já que a fila nos restaurantes chineses faz parte da viagem. O prato de Pequim sai do enorme forno direto para a mesa, macio, saboroso e com a casquinha crocante devida por a partir de US$14 por pessoa. Ele pode pode ser combinado com outras boas receitas, como o kung pao chicken (US$5).
Apesar dos vários pratos vegetarianos, vale saber que o Siji Minfu assa os patos inteiros pendurados em área aberta e visível, o que pode ser desconfortável para quem não come carne.
Uma opção mais barata para o Pato de Pequim (especialmente porque a porção é maior) é o Da Wan Ju, um restaurante que, por ser muito mais frequentado pelos chineses, torce um pouco o nariz para ocidentais. O serviço é meio bagunçado, mas a comida é gostosa.
Para beber à noite, o Jing-A Brew Pub tem serviço pouco simpático, mas várias cervejas próprias premiadas e muito boas, como a Koji Red Ale, fermentada com o arroz vermelho Koji, usado na produção do sakê; a Black Velvet Vanilla Stout, com adição de favas de baunilha “marinadas” no Bourbon; e a India Pale Lager de Pomelo, feita uma vez por ano para celebrar o Ano-Novo chinês. Os chopes (350ml) custam a partir de US$5 e as comidinhas (porções de batata e sanduíches), a partir de US$4.
Cervejas premiadas da Jing-A Brew Pub
Para mais opções de comida, vale conhecer a Slow Boat Brewery e a Great Leap, outras ótimas cervejarias.
A Slow Boat tem ambiente mais low profile e receitas criativas como a sour Beet Wave, com raiz de beterraba, a Riptide Raspberry, uma pale ale com framboesa, e a SOS Belgian Wit, com pimenta do reino. Para comer, saladas e pratos para compartilhar a partir de US$4, como as buffalo wings de frango com molho de gorgonzola (US$9) e sua versão vegetariana com couve-flor (US$6), além de burgers a partir de US$7, com e sem carne.
A Great Leap tem um gastrobar amplo, com luz baixa e mesas de pub, servindo chopes da casa e de outras cervejarias chinesas a partir de US$5. As cervejas da Great Leap também são vendidas em latas lindas para levar de presente para algum aficionado por cerveja e/ou design. No menu de comida, saladas, dips e entradinhas para compartilhar a partir de US$4 e cheesburguers americanos a partir de US$7.
Onde comer em Xangai (e beber também)
De manhã, como já falamos, nossa dica são as padarias. Amamos a Hogan Bakery, com um capuccino de amêndoas cheirosíssimo e uma vitrine sem fim de gostosos pães recheados salgados e doces, de todos os tamanhos e formas imagináveis. É um lugar barato (especialmente para os padrões de Xangai), sem muitas mesas – o esquema é pegar e sair.
Um lugar mais famosinho que segue o mesmo estilo de pães e sanduíches é a Lillian Bakery, que tem o bônus da conveniência de ter várias casas em Xangai, em pontos estratégicos – uma das filiais fica na estação Xujiahui, o que pode facilitar o plano café + passeio, e outra na WuJiang Road.
Para lanches mais ocidentais, o Bread ETC tem brunch com tostadas, sanduíches e bowls de iogurte, tudo num ambiente aconchegante, para quem quer se demorar no café. Algo mais sofisticado você encontra no L’éclair de Génie, rede francesa bem fora do eixo com lojas no Japão, na China e no Qatar – a delicadeza na decoração dos ecláirs é bem o que a gente espera encontrar no Oriente.
Para comprar lembrancinhas, a sugestão é a Kee Wah Bakery, uma cadeia de padarias fundada em Hong Kong nos anos 30, bem tradicional. Não é barata, mas tem biscoitinhos decorados com ursos panda e latinhas colecionáveis que são um bom presente da China (inclusive para você mesmo).
No mínimo um almoço tem que ser com comida de rua. O melhor para isso é a WuJiang Road, um calçadão onde você encontra as barraquinhas de lámen, dim sum, sucos, lojas de artesanato, chás… No Ano-Novo Chinês, também é o reduto das maiores concentrações para conhecer a decoração temática impecável.
Comida de rua em Xangai, nos arredores da WuJiang Road, e em Pequim, na Wangfujing Road
Lá, dá para ir beliscando várias porções baratinhas (como os baos do Yang’ s Fry-Dumpling, um clássico da região, a partir de US$1) e ir passeando, em vez de sentar para almoçar (até porque tudo costuma ficar muito lotado). Há também uma Lilian Bakery, Starbucks, um Hai Di Lao Hot Pot e a Ruby, padaria com um famoso bolo de creme.
Um pouco menos aglomerado (e mais caro), o entorno da Nanjing Road também reúne muitas lojinhas, padarias, tendas de iogurte e restaurantes como o Shen DaCheng e o Dim Dim Sum Shanghai.
Para provar cervejas locais, vá na Liquid Laundry, um gastrobar bem moderno com 15 torneiras de chopes da casa e outras cervejas artesanais chinesas. É o melhor bar para beber e comer, já que outras cervejarias focam mais na bebida e deixam o menu restrito a hambúrgueres e batata-frita. Também são populares o Boxing Cat e o Beer Lady, que tem um bar 24 horas com centenas de cervejas locais e internacionais.
Se puder, comece alguma noite tomando uma cerveja no pôr do sol do alto do hotel Hyatt on The Bund. O bar cobra US$10 pela entrada de quem não está hospedado, mesmo preço da long neck Tsingtao, cerveja popular chinesa. Vale pela vista sensacional dos prédios de Pundong e do rio Huangpu.
A vista incrível do Hyatt on The Bund
Onde comer e beber em Guilin e Yangshuo
Em Guilin, nosso restaurante favorito foi o Li River Cuisine, um local de aspecto até meio decadente, anexo à um hotel. Muito tradicional (não havia ninguém que falasse inglês), o Li River serviu a que talvez tenha sido a comida mais gostosa e barata da viagem – comemos muito bem, provando três pratos diferentes, e tomamos chá por menos de US$5 por pessoa.
A comida super tradicional e com chazinho grátis Li River Cuisine
Outra opção bem autêntica é o Ritou Huo Mifen, um fast food de Guilin Rice Noodles gostoso e barato (dá para bater um pratão por US$2). O serviço é rápido e você faz seu misturadão de macarrão de arroz com os ingredientes que quiser.
Claro que não falar chinês complica tudo nessas horas, mas, com as fotos e o auxílio do dicionário offline, dá para ter uma ideia do que você está pedindo. O sistema do restaurante é gritar o número do pedido que ficou pronto, por isso, fique atento e peça para algum atendente que parecer mais solícito avisar quando o seu sair.
Para se aventurar na comida de rua de Guilin, o calçadão de pedestres Zhengyang tem várias barraquinhas e sedia feirinhas de comida algumas vezes na semana. À noite, a oferta de cerveja artesanal é bem menor em Guilin, mas dá para beber cervejas populares em barzinhos bacanas nos arredores desse calçadão ou conferir o Rice Noodles Pub, que é mais moderninho e tem chope próprio, além de outras cervejas especiais.
Porções de dumpling saem a partir de US$4,50 e a casa também serve pratos chineses tradicionais, como lámen de macarrão de arroz. A cerveja feita ali custa cerca de US$4 (350ml) e vem em três estilos: lager, stout e weiss. Além delas, há cervejas comerciais de Guilin e especiais de outros países a partir de US$2,50.
Cerveja artesanal do Rice Noodles Pub em Guilin e o Beer Fish do River View hotel, em Yangshuo
Se você for até Yangshuo, não deixe de provar a comida do mercado de rua, no centrinho (especialmente as batatas bolinha com cominho, uma delícia).
Para uma refeição mais calma, procure o restaurante do River View Hotel, que é realmente muito bom para um almoço ou jantar de frente para o rio. O River View fica fora da aglomeração do Centro e serve pratos deliciosos, com preço justo, e tem staff bilíngue. O prato clássico é o Beer Fish (sai em torno de US$10 para duas pessoas), muito aromático e saboroso, mas eles também tem outros pratos com peixe a partir de US$8 e outras carnes a US$5.
Para beber em Yangshuo, o Demo Bar tem torneiras de cervejas chinesas, normalmente da Trip Smith, cervejaria saborosa de Guiyang, com estilos como porter (Dark Rider) e double IPA (Jungle Adventurer e Purgatory Imp).
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